Apesar de parecer uma relação óbvia, entender a fundo a ligação entre estações do ano e agricultura é de fundamental importância para o sucesso da lavoura. Além das alterações dos fatores climáticos, a mudança de estação altera aspectos econômicos como a demanda do mercado.
As estações do ano marcam o tempo de plantar e o tempo de colher. Na primavera, por exemplo, inicia o momento de colheita das lavouras de inverno no sul do Brasil. Também é a hora de preparar o plantio das culturas de verão. Isso porque essa é uma estação de clima equilibrado, que dá maiores chances de dias secos para a colheita e umidade ideal para o plantio.
Isso demonstra como os fatores climáticos que cada estação traz são importantes para o planejamento da lavoura. Os três mais relevantes são:
Ter consciência desses fatores pode proporcionar algum nível de planejamento para o produtor. No entanto, com o avanço das mudanças climáticas, há uma série de instabilidades que poder pôr o planejamento em xeque. Assim, em épocas em que se costumava esperar chuvas, há períodos de seca. Ou elas ocorrem em temporadas muito prolongadas e intensas. Essa imprevisibilidade e os extremos prejudicam a atividade agrícola.
Além disso, ano a ano os fenômenos El Niño e La Niña afetam o perfil das estações do ano e agricultura. O efeito La Niña se refere ao resfriamento das temperaturas médias das águas do Oceano Pacífico. Já o El Niño é exatamente o oposto, pois produz um aquecimento anormal de suas temperaturas.
Tanto um quanto o outro alteram os níveis de chuva e seca no mundo todo. Para esse ano, as previsões a atuação de um novo La Niña. que pode mais uma vez influenciar na safra de soja 2020/21 nas principais regiões produtoras do país. Afinal, no Brasil o La Niña provoca estiagem nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e principalmente Sul. No Nordeste e na Região Amazônica ocorre o aumento das chuvas, chegando a provocar a cheia nos rios amazônicos e enchentes no litoral nordestino.
Para o sul do Brasil, a previsão indica que o mês de outubro deve ser de pouca chuva e aumento da temperatura diurna. Logo, isso significa aumento da evapotranspiração, especialmente na segunda quinzena.
Ainda, para o mês de novembro o modelo aponta uma redução ainda maior de chuva, com predomínio de noites mais frias e dias mais quentes. Esse é um padrão característico de períodos muito secos. Contudo, em dezembro as chuvas devem voltar à média, mas com temperaturas acima do normal, o que mantém a evapotranspiração elevada.
Além dos fatores climáticos, é importante entender outros pontos estratégicos para atender as necessidades do mercado ao selecionar as cultivares a cada estação.
Se a demanda pelo vegetal for alta ou a intensidade de chuvas não for favorável, por exemplo, é bom dimensionar os parques de máquinas. Afinal, mesmo que durante o resto do ano um trator seja o suficiente para suprir o trabalho, talvez agora seja necessário um trator adicional. Assim, o trabalho não será comprometido pela necessidade de executar um conjunto de tarefas num curto intervalo de tempo. Isso acontece quando o plantio precisa ser feito rapidamente para aproveitar um período de chuvas em meio a uma estiagem, por exemplo.
Além disso, relativo às estações do ano e agricultura, há a sazonalidade. Isto é, quais produtos são mais favoráveis (ou só encontram condições ideais para produção e venda) em determinada época. Assim, a sazonalidade determina além das culturas a cada estação, a demanda e os preços dos produtos agroindustriais.
Como motivações da sazonalidade, as estações são uma delas – já que algumas espécies só se desenvolverão nas condições climáticas ideais. Mas a produção do agronegócio também se relaciona a questões mais sociais, como o comportamento do consumidor. No final de ano, com a chegada das festas, carnes de aves têm demanda muito maior, por exemplo. Ainda, questões políticas como mercados de exportação também influenciam.
Além disso, um dos fatores que estações do ano e agricultura englobam é o horário de verão. Com o fim dessa estratégia energética no Brasil, não há mais a alteração no período de sol do dia.
Para as fazendas de gado de leite e de corte, o fim do horário de verão traz benefícios. Afinal, a alteração de horários de alimentação e ordenha irão se manter durante o ano. Logo, o produtor não corre risco de diminuição na produção de leite ou peso do animal.
No entanto, para quem trabalha na lavoura, o horário de verão tinha suas vantagens. O ajuste estendia a rotina de trabalho do produtor, beneficiando principalmente para aqueles que tinham objetivo de plantar ou colher em sua propriedade. Isso porque a percepção da duração do dia era estendida, com 1 hora a mais de sol.
Entretanto, do ponto de vista energético, o ajuste de horário não afeta nas contas de energia. A produção mantém o consumo de maneira uniforme ou até mesmo maior, pois em alguns casos ainda é necessário estender o trabalho de máquinas e equipamentos.